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Ameaças de Trump sobre a Rússia aumentam temor de tarifas contra o Brasil

Fontes diplomáticas apontam risco de sanções secundárias em meio ao progresso no julgamento de Jair Bolsonaro no STF


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Ameaças de Trump sobre a Rússia aumentam temor de tarifas contra o Brasil

REUTERS/Jonathan Ernst

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As novas ameaças do presidente americano, Donald Trump, contra países que compram petróleo da Rússia e o avanço do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal ampliaram o temor de que os Estados Unidos imponham, em breve, tarifas secundárias sobre produtos brasileiros.

Diplomatas ouvidos pela CNN afirmam que diversos fatores indicam essa possibilidade. O principal é a crescente impaciência de Trump com a falta de disposição do presidente russo, Vladimir Putin, para negociar o fim da guerra na Ucrânia.

Na quinta-feira (4), em conversa com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e líderes europeus, Trump voltou a criticar países da União Europeia que ainda compram gás e petróleo russos. Ele cobrou um esforço coordenado para sufocar a economia russa e pressionar também a China.

O alerta coincide com o vencimento do prazo de 50 dias dado por Trump para que Putin aceitasse negociações de paz, sob ameaça de impor tarifas secundárias a países que mantêm comércio de petróleo, gás e outros produtos com Moscou - caso do Brasil.

Zelensky reforçou nesta semana a necessidade de sanções a parceiros da Rússia, ideia que tem apoio em Washington de republicanos e democratas.

Até agora, apenas a Índia foi alvo direto de tarifas secundárias, em razão do aumento expressivo de seu comércio com Moscou.

Mas, segundo uma das fontes ouvidas, a atenção agora se volta ao Brasil, que segue na mira de Trump. Assim como a Índia, o país ampliou de forma significativa suas importações da Rússia, especialmente de diesel e fertilizantes.

Dados do Ministério da Indústria e Comércio mostram que, em 2024, o Brasil importou US$ 6,2 bilhões (equivalente a R$ 33,8 bilhões) em combustíveis russos - alta de 18,6% em relação a 2023. As compras de fertilizantes chegaram a US$ 3,7 bilhões (equivalente a R$ 20,1 bilhões), aumento de 4,4%.

Além da conjuntura internacional, Trump mantém pressão política direta sobre o Brasil, criticando o julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

Fontes que acompanham as negociações frustradas com a Casa Branca avaliam que o governo Lula já trabalha com a expectativa de novas sanções. A avaliação é que a intenção de Trump vai muito além de tentar proteger Bolsonaro ou se opor ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A real intenção do americano seria, segundo essas fontes, influenciar a política brasileira e, especialmente, as eleições presidenciais do ano que vem.

Na expressão usada por uma das fontes, Trump quer "um governo dócil em Brasília" em relação aos Estados Unidos - ou seja, um governo completamente alinhado às posições ideológicas do republicano.

Se essa avaliação se confirmar, a questão russa pode ser apenas o pretexto para aumentar a pressão sobre o Brasil.

cnnbrasil

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