Funcionário é torturado com furadeira e maçarico pelo próprio patrão

Ao chegar no serviço, ele foi torturado pelo dono do ferro-velho onde trabalhava, no bairro Centro, em Canoas, na Região Metropolitana. Na quinta-feira (27), o suspeito, identificado como Ricardo Sodré Fernandes da Silva, 42 anos, foi preso preventivamente por suspeita de tortura e cárcere privado.

Tudo aconteceu por volta das 9h do sábado quando a vítima foi surpreendida com um mata-leão desferido pelo patrão. O golpe marcou o início de cerca de 12 horas de violência. Algemado e acorrentado a um fogão a lenha, o homem teve os cabelos queimados com um maçarico, sofreu choques elétricos, queimaduras de segundo grau com água fervente e teve os joelhos perfurados com uma furadeira elétrica.

Em um ato de extrema crueldade, foi obrigado a decepar parte do próprio dedo. Sem água ou comida, ele relata que o agressor usava drogas, filmava e "se divertia" com a situação. Segundo o delegado Marco Antônio Arruda Guns, da 1ª Delegacia de Polícia de Canoas, o crime foi motivado por "puro sadismo". O suspeito exigia que a vítima confessasse um furto de dinheiro e cartão de crédito, algo que, conforme a polícia, nunca ocorreu. "Ele arrebatou e torturou por sadismo", afirmou o delegado. A vítima negava as acusações e implorava pela vida, enquanto o agressor ameaçava cortar outros dedos.

Após seis meses trabalhando no local, o homem usou seu conhecimento do espaço para escapar. Durante a tortura, ele conseguiu cortar as correntes com um instrumento e, mesmo ferido, pulou o muro do ferro-velho. Após 15 minutos, chegou à casa onde vive com a companheira e os quatro filhos dela, caindo no caminho devido à fraqueza.

No hospital, inicialmente mentiu que havia sido assaltado, mas acabou revelando a verdade aos médicos, que acionaram a polícia. A vítima se recupera dos ferimentos, mas teme pela própria vida e pela segurança das crianças, mesmo com o suspeito preso. Na quinta-feira (27), a Polícia Civil prendeu Ricardo Sodré Fernandes da Silva e apreendeu objetos como alicate, pregos e a furadeira usada no crime.

Na sexta-feira (28), a prisão temporária foi convertida em preventiva. O Instituto-Geral de Perícias (IGP) realiza exames no local e nos itens apreendidos, com vestígios de sangue identificados preliminarmente em um alicate. Outras duas pessoas estavam no ferro-velho durante a tortura: a companheira do suspeito, investigada por possível omissão, e a mãe dele, tratada como testemunha. A investigação segue em andamento, com laudos pendentes e novas oitivas previstas.

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