Festa do Jacaré do povo indígena Arara é confirmada para os dias 29 e 30 de setembro

A tão aguardada Festa do Jacaré, um evento anual que há décadas celebra a rica cultura do povo Arara (Karo), já tem data marcada para acontecer. Nos próximos dias 29 e 30 de setembro, a aldeia Iterap se tornará palco dessa tradicional celebração, abrindo suas portas para receber não apenas os integrantes da própria etnia, mas também comunidades indígenas vizinhas e visitantes interessados em mergulhar nessa experiência cultural única. A confirmação do evento foi feita em uma reunião na sexta-feira (18) com representantes da etnia na Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo de Ji-Paraná (Semictur).

A etnia Arara, que inclui os Gavião, é residente da Terra Indígena Igarapé Lourdes, abrigando as aldeias Iterap, Paygap e 5 Irmãos, cuja população total soma cerca de 500 indivíduos, englobando crianças, jovens e adultos. Sob o acordo estabelecido com a Semictur, a festa será realizada anualmente, alternando entre as aldeias, mas com a colaboração de todas na organização do evento.

De acordo com Marli Peme Arara, uma líder indígena e professora, a Festa do Jacaré é um ritual enraizado desde a década de 1940, envolvendo atividades como caça, captura e consumo do animal que dá nome à celebração. Além dessas atividades, a tradição se perpetua por meio de cânticos e danças que não apenas preservam a cultura ancestral, mas também promovem a transmissão de conhecimento às gerações mais jovens.

"Nossa festa é uma identidade dos Arara, um elo com nossas raízes. Enquanto muitas outras comunidades já não mantêm seus rituais tradicionais, para nós, a Festa do Jacaré transcende o visível e é um encontro entre o material e o espiritual", destacou Marli.

Volnei Inocêncio, titular da Semictur, expressou sua expectativa de que a participação de visitantes contribua para a disseminação dessa cerimônia singular e, ao mesmo tempo, solidifique a tradição Arara como parte essencial do calendário de eventos turísticos do município. Ele ressaltou a importância histórica e cultural do ritual, reconhecendo-o como um legado valioso.

O secretário acrescentou que o etnoturismo, focado no conhecimento das culturas indígenas originárias, possui um potencial para se tornar uma fonte de renda sustentável para as aldeias. "Não há dúvida de que a verdadeira riqueza para impulsionar o turismo em Ji-Paraná reside nas celebrações e no convívio proporcionados pelas nossas comunidades indígenas", afirmou Inocêncio.

Shirlei Arara, também líder e ativista da comunidade, expressou a unidade da etnia em relação à preservação dessa tradição milenar. "Estamos unidos para manter viva uma das principais festas do nosso povo. A Festa do Jacaré é de profunda importância para nós por representar nossos valores e identidade", garantiu Shirlei.

A Festa do Jacaré, enraizada na ancestralidade do povo Arara, se destaca como um símbolo da rica herança cultural indígena, celebrando tradições e transmitindo ensinamentos às novas gerações.

Redação - Diário da Amazônia