Tiago Love
Entre os dias 29 de maio e 1º de junho de 2023 foram realizados, de forma conjunta, o I Encontro Rondoniense de Educação Matemática de Rondônia, o I Congresso de Educação Matemática da Amazônia e o III Fórum Rondoniense de Formação Inicial de professores que Ensinam Matemática.
Das discussões durante os eventos realizados em Ji-Paraná, surgiu uma carta coletiva, apontando ações a serem desenvolvidas para promover a valorização e formação dos professores e melhorias no ensino e aprendizagem de matemática em Rondônia.
Ao todo foram 22 propostas inseridas na carta coletiva, apresentada nesta terça-feira (19), no campus da Unir, em Ji-Paraná.
As propostas inseridas na carta apresentam cobranças como valorização dos profissionais da educação e revisão do número de aulas, para que o professor tenha tempo para elaborar seu plano de ensino.
A Carta Coletiva será encaminhada aos Conselhos de Educação Municipal e Estadual, a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, secretarias municipais e estaduais de educação, câmaras e assembleias legislativas.
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CARTA COLETIVA
I ENCONTRO RONDONIENSE DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA (I EREM)
III FÓRUM RONDONIENSE DE FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA (III FRPMAT)
I CONGRESSO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DA AMAZÔNIA (I CEMA)
Entre os dias 29 de maio e 1º de junho de 2023 foram realizados, de forma conjunta, o I Encontro Rondoniense de educação Matemática de Rondônia (I EREM), o I Congresso de Educação Matemática da Amazônia (I CEMA) e o III Fórum Rondoniense de Formação Inicial de professores que Ensinam Matemática (III FRPMAT).
Os eventos, que aconteceram de forma híbrida, foram organizados pela Sociedade Brasileira de Educação Matemática, Regional Rondônia (SBEM-RO), Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática (PPGEM-UNIR) e o Instituto Federal de Educação (IFRO), Campus Ji-Paraná, e trouxeram como tema: "Tendências Pedagógicas: possibilidades de ensinar e aprender Matemática".
O público-alvo foi composto por professores da educação básica e superior, estudantes de graduação, mestrandos e doutorandos, todos interessados nas discussões sobre como ensinar e aprender matemática. Ao todo, foram contabilizadas mais de 990 inscrições, provenientes de 22 estados brasileiros e de outros 3 países. Os inscritos tiveram a oportunidade de participar de atividades presenciais e virtuais, incluindo palestras, mesas redondas, fóruns, comunicações científicas e exposição de banners. Além disso, o evento contou com a participação de 323 indígenas, houve 68 submissões de trabalhos e foram registrados mais de 10 mil acessos às transmissões online.
Durante a programação dos eventos, no dia 1º de junho, tivemos a Mesa Redonda 2, com o tema: Políticas públicas: como está a Educação Matemática na atualidade no estado de Rondônia?. A mesa contou com a mediação da professora Ma. Leiva Custódio Pereira (IFRO/Ji-Paraná) e com as exposições alusivas a temáticas feitas por Adelson Valter Correia, representando a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME); Ikaro Fernando Diorgenis Steiner, estudante do IFRO; Vinícius Sabanê, estudante indígena da Licenciatura em Educação Básica Intercultural; e professora Ma. Márcia Regina de Souza Silva, representando a SBEM.
Assim, a partir das reflexões realizadas ao longo do evento e, sobretudo nas discussões da Mesa Redonda 2, o coletivo elaborou uma carta apontando ações a serem desenvolvidas para promover a valorização e formação dos(as) professores(as) e melhorias no ensino e aprendizagem de matemática em Rondônia, culminando em 22 (vinte e duas) propostas:
1. Implantar políticas públicas a fim de garantir a formação continuada dos(as) professores(as) para além da pós-graduação, contemplando a criação de centros de formação, parcerias com universidades e institutos, além de compensação aos(às) profissionais que aderirem a formação continuada na progressão funcional;
2. Criar políticas públicas que valorizem os(as) professores(as), incluindo uma remuneração financeira adequada e a revisão do número de aulas, a fim de garantir espaço na carga horária semanal para planejamento, atendimento aos(às) estudantes, pesquisa e estudo;
3. Repensar o currículo de formação inicial de professores(as) que ensinam matemática, buscando uma apropriação crítica do conteúdo matemático e pedagógico, bem como um equilíbrio entre teoria e prática, além de promover uma abordagem que contemple as tendências pedagógicas atuais e desenvolva habilidades reflexivas nos(as) futuros(as) professores(as);
4. Decolonizar o currículo nos cursos de formação de professores(as) que ensinam matemática. Isso implica abordar as matemáticas dos grupos culturalmente diversos, promover uma autocrítica em relação às injustiças sociais, combater a invisibilização das mulheres e de grupos étnicos minoritários no processo de registro da história do desenvolvimento do conhecimento matemático;
5. Problematizar questões relacionadas a gênero, diversidade sexual, étnico-raciais e inclusão de pessoas com deficiência que perpassam o currículo de matemática;
6. Implementar uma política de acompanhamento e fortalecimento dos(as) professores(as) iniciantes, oferecendo suporte e orientação durante os primeiros anos de carreira;
7. Repensar o estágio curricular supervisionado com o propósito de proporcionar aos(às) futuros(as) professores(as) que ensinam matemática uma experiência de imersão nas escolas de educação básica e uma conexão mais efetiva entre a teoria e a prática;
8. Reformular as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores(as) que ensinam matemática, garantindo uma ampla discussão com a participação dos diversos atores envolvidos neste processo;
9. Implementar e fortalecer políticas de acesso e permanência para consolidar os cursos presenciais de formação de professores(as) que ensinam matemática, com o propósito de enfrentar o esvaziamento dessas licenciaturas;
10. Problematizar a formação a distância de professores(as) que ensinam matemática, considerando seus impactos, benefícios e limitações, com o propósito de garantir que a formação ocorra de maneira adequada e efetiva, priorizando a qualidade do ensino;
11. Garantir condições de trabalho aos(às) professores(as) indígenas, incluindo a formação inicial e continuada, de acordo com as diretrizes legais, considerando suas necessidades específicas e respeitando suas culturas e saberes;
12. Investir em materiais didáticos específicos para o ensino da matemática, especialmente nas escolas indígenas, quilombolas e do campo, buscando a contextualização e valorização das realidades locais;
13. Repensar a carga horária e o currículo de matemática na educação básica, levando em conta as tendências atuais em Educação Matemática, garantindo um tempo adequado para aprofundar os conteúdos de forma significativa e contextualizada;
14. Problematizar as avaliações de larga escala, levando em consideração suas limitações e impactos no ensino e aprendizagem da matemática, bem como considerar outras formas de avaliação que valorizem a compreensão, a reflexão crítica, a resolução de problemas e a criatividade;
15. Criar programas de monitoria nas escolas de educação básica, com o objetivo de acompanhar e auxiliar os(as) estudantes que apresentam dificuldades de aprendizagem em matemática;
16. Requerer do Estado e Municípios a realização de concursos públicos para a contratação de professores(as) que ensinam matemática efetivos(as) e com formação adequada na área;
17. Garantir a formação inicial e continuada de professores(as) na área de matemática, com investimentos em cursos e programas que promovam o aprimoramento profissional;
18. Estabelecer critérios de avaliação para a aquisição de materiais didáticos que sejam efetivos no ensino da matemática, levando em consideração sua qualidade, relevância e adequação às necessidades dos(as) estudantes;
19. Lotar os(as) professores(as) em suas áreas de formação e concursos, garantindo que estejam capacitados para lecionar matemática e promover a excelência no ensino;
20. Incentivar a participação dos(as) professores que ensinam matemática em programas de capacitação stricto sensu, assegurando-lhes o afastamento do trabalho, proporcionando oportunidades para o aprimoramento profissional e a geração de pesquisas e conhecimentos na área;
21. Promover programas de iniciação científica júnior, com apoio de fundações de amparo à pesquisa, visando estimular o interesse dos(as) estudantes da educação básica pela matemática e incentivar a produção de conhecimento nessa área;
22. Investir em recursos financeiros e materiais para garantir uma licenciatura específica em matemática, voltada à formação de professores(as) indígenas, reconhecendo a importância da valorização e preservação dos saberes matemáticos presentes nas culturas indígenas.
Na sistematização das 22 propostas, buscou-se contemplar as diferentes vozes dos(as) participantes (virtual e presencial) do evento, assim como abordar as diversas problemáticas existentes em Rondônia no que diz respeito à prática profissional e à formação de professores(as) que ensinam matemática, assim como em relação ao ensino e aprendizagem de matemática no contexto escolar.
Esta carta foi elaborada por Ilma Fausto, que fez o registro mediante as anotações e a retomada das gravações dos dias do evento. Nada mais havendo a tratar, às 22h horas, ocorreu o encerramento do evento, do qual, para constar, foi redigida a presente carta, que foi homologada no evento, e segue assinada eletronicamente pelos(as) coordenadores(as) e pela redatora.
Ji-Paraná (RO), 19 de setembro de 2023.
Leandro Pereira/Portal SGC