Em um cenário cada vez mais dominado pela velocidade da informação e pela força das redes sociais, é necessário — e urgente — refletirmos sobre os rumos que parte da comunicação tem tomado no Estado de Rondônia. O jornalismo, enquanto instrumento essencial à democracia, à cidadania e à transparência pública, deve se fundamentar na ética, na apuração rigorosa dos fatos e na responsabilidade com o que se divulga. No entanto, cresce um fenômeno preocupante: a proliferação de conteúdos que se intitulam "jornalísticos", mas que carecem de qualquer compromisso com a verdade e a credibilidade.
Infelizmente, temos assistido ao surgimento de práticas baseadas em ataques infundados, pressões veladas e verdadeiros achaques, cujo único objetivo é manchar reputações de pessoas e instituições. Trata-se de uma distorção grave da função da comunicação, muitas vezes utilizada como instrumento de barganha, com interesses políticos ou pessoais, travestidos de denúncias ou críticas públicas.
Nesse ambiente nebuloso, surgem os chamados "novos jornalistas" — muitos deles influenciadores digitais — que se autoproclamam agentes da verdade, mas que, em sua maioria, operam sem qualquer estrutura profissional: não possuem sede física, não geram empregos diretos, não movimentam a economia local e tampouco colaboram de forma significativa para o desenvolvimento do Estado. Ao contrário, muitos atuam apenas para atender interesses próprios, cobrando por silêncio, por espaços ou por elogios, enquanto ameaçam, expõem e atacam quem não se curva aos seus objetivos.
Nas vésperas de mais um ano eleitoral, esse movimento se intensifica. Pequenos sites e perfis nas redes sociais se multiplicam em narrativas que, sob o pretexto de "fiscalização", tornam-se verdadeiras armas digitais para pressionar gestores e disputar, a qualquer custo, fatias de verbas públicas. O jogo é simples e perverso: denegrir para conquistar. Derrubar para ocupar. Criar crises para faturar.
É preciso, portanto, que sociedade, gestores públicos e o próprio mercado publicitário estejam atentos a essa realidade. A comunicação séria, comprometida e profissional existe, resiste e precisa ser valorizada. Não se trata de calar críticas ou evitar questionamentos — pilares fundamentais da democracia — mas de separar o que é jornalismo do que é chantagem, o que é influência do que é interesse, e o que é conteúdo do que é oportunismo.
O futuro da comunicação passa, obrigatoriamente, pela responsabilidade. E quem deseja comunicar, também precisa saber responder pelo que comunica.
João Manoel