Rondônia

"Racismo: Herança e Luta" - Capoeira em Rondônia: Muito mais que uma Luta, uma escola de resistência; assista

Terceira reportagem da série especial mostra como a arte ancestral, que chegou pelos braços e pela alma do povo negro, educando gerações


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Portal SGC

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A capoeira se revela como uma das heranças mais completas e vibrantes da cultura afro-brasileira em Rondônia. Muito mais do que uma luta ou uma dança, ela é uma filosofia de vida, uma escola de resistência e cidadania que transforma realidades e preserva a história de um povo.

No Centro Cultural Vida Capoeira, o Mestre Railander Brito ensina a seus alunos que cada movimento carrega a história de resistência de um povo que usou a arte e a astúcia para camuflar sua força e lutar pela liberdade. "Quando a gente trabalha a capoeira, a gente trabalha o ser humano por inteiro", destaca o mestre, reforçando o caráter educativo e formador da prática.

A história do Mestre Railander é a prova viva do poder transformador dessa arte. Ele começou ainda criança, fascinado pelos movimentos e pela musicalidade. O título de 'Doutor', que carrega com orgulho, não veio de uma universidade formal, mas sim do reconhecimento dentro da própria comunidade da capoeira por anos de dedicação, estudo e transmissão fiel dos saberes ancestrais. Sua jornada foi de superação, enfrentando desde o preconceito que criminalizava a cultura negra até a falta de recursos.

Para demonstrar que a capoeira é um universo cultural completo, alunos fizeram uma apresentação especial. A demonstração começa pela própria capoeira, onde cada movimento é mais do que um golpe; é uma linguagem corporal que conta uma história. A ginga, base da capoeira, é uma simulação de jogo que esconde a luta pela liberdade, mostrando que a arte é, acima de tudo, inteligência e estratégia.

O mesmo corpo que ginga e joga é também o corpo que samba. A cadência do atabaque transforma a capoeira em samba, revelando outra face da mesma cultura: a alegria comunitária e a celebração da vida como formas de resistência. Para fechar a demonstração, a força e a sincronia do Maculelê, uma dança-lenda que simula uma batalha com porretes. Cada batida dos pares ecoa a união e a resistência do grupo, sendo uma memória viva dos cortadores de cana que transformaram seu labor em arte.

Juntos, a capoeira, o samba e o maculelê formam um tríptico poderoso que mostra que a herança africana é diversa, rica e completamente inseparável. No centro de tudo, está a educação. Mestre Railander enfatiza: "A capoeira é uma escola". Ela é usada como ferramenta pedagógica para ensinar história, cultura, respeito e cidadania para crianças e jovens, lutando contra o preconceito e construindo um futuro com mais orgulho e representatividade.

A reportagem deixa claro que, em Rondônia, a capoeira é um legado vivo. É uma arte que educa, inclui e resiste, perpetuando a força e a inteligência de uma cultura que não se cala e que segue ecoando seu ritmo de liberdade e orgulho.

Natália Figueiredo - Portal SGC

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