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A bandeira do município de Porto Velho carrega história, cultura e identidade regional. Criada em 1983 pelo escritor e historiador amazonense Antônio Cândido, representa não apenas cores e formas, mas as origens, o trabalho dos pioneiros e as belezas naturais da capital rondoniense.
O concurso para a escolha da bandeira, do hino e do brasão foi lançado durante a gestão de Sebastião Valadares. Foi nesse contexto que Cândido decidiu participar. "Eu faço poesias desde muito tempo e passei pela casa do Cláudio Feitosa, que na época estava escrevendo o hino do município, e ele falou que estava tendo um concurso dos símbolos do município e me chamou para participar. Ele me incentivou e eu fiquei com aquilo na cabeça. Depois, quando eu passei na Rogério Weber em frente à Praça das Três Caixas D’Água, eu tive a ideia de representá-las na bandeira", relatou.
A bandeira tem um terço de sua área em cor amarela, que simboliza as riquezas minerais do município. Os outros dois terços, em azul, representam o céu da cidade. Na parte amarela estão as Três Caixas D’Água, erguidas no complexo ferroviário da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, ponto de origem de Porto Velho.
O brasão e a inspiração nos símbolos
Antônio Cândido também venceu o concurso do brasão, igualmente inspirado nas Três Caixas D’Água. Segundo ele, o desenho traz a figura estilizada do monumento, sobreposta a uma coroa formada por plantas de arroz, à direita, e seringueira, à esquerda. Acima, uma estrela de prata de cinco pontas. O brasão inclui ainda trilhos semicirculares da Madeira-Mamoré sobre um listel azul com a inscrição "2 de outubro de 1914". Todo o conjunto repousa sobre um resplendor dourado em forma de estrela de 30 pontas, representando as riquezas minerais da região.
"Eu fazia fotografia na época e fotografei as Três Caixas D’Água em todos os detalhes. Foi um trabalho demorado porque na época não tinha computador e foi aí que eu tive a ideia de fazer um trabalho de montagem com colagem. Usei o papel cartolina de várias cores e fui recortando, montando até que ficasse do jeito que eu estava imaginando. E fiquei feliz porque ganhei duas vezes, da bandeira e do brasão", contou Cândido.
Com a conclusão do concurso, o Executivo enviou projeto à Câmara Municipal, que aprovou a Lei nº 249, de 11 de outubro de 1983, oficializando hino, bandeira e brasão. No dia seguinte, 12 de outubro, em evento realizado na Praça Três Caixas D’Água, a bandeira foi hasteada pela primeira vez pelo professor José Otino de Freitas, o prefeito mais antigo ainda vivo à época.
Guardião desse legado, Antônio Cândido mantém consigo um exemplar histórico. "Eu guardo essa bandeira com muito carinho. Já até tentaram tomar de mim, mas eu estou resistindo. A minha ideia é que ela seja exposta em um local que preserve a memória e toda essa história que eu carrego com muita emoção. Eu tenho muito orgulho, pois a bandeira é muito mais que um símbolo, ela é um símbolo da nossa identidade", afirmou.
Homenagem e poema
No dia 2 de outubro, Porto Velho completa 111 anos de criação. A data contará com programação especial, que inclui homenagens a personalidades que contribuíram para o desenvolvimento da capital, entre elas Antônio Cândido.
Em celebração, o escritor declamou um poema em homenagem à cidade:
Porto Velho
"Eu amo realmente esta cidade
como quem ama uma mulher bonita
com a forte paixão de mocidade
que pela vida no meu ser palpita.
Hei de cantá-la para a eternidade.
Ser seu amante é como lei escrita
que no meu peito em doce suavidade
meu coração agradecido agita.
Quero dormir meu sono derradeiro
no seu solo fecundo e hospitaleiro
que um dia me acolheu com seu calor.
E ser o dono de uma rua dela
para minha alma passeando nela
declamar versos sobre o nosso amor".
Poema de Antônio Cândido.
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