A Vida Depois dos 60 | O Sentido de Envelhecer: Desafios e Descobertas da Vida Madura
Portal SGC
O podcast Põe na Bancada desta semana abriu espaço para uma das conversas mais sensíveis e humanas do programa: o envelhecer. Mediado por Roberto Sobrinho, o episódio reuniu Eliete, representante do grupo JADES (Já de Idade), a geriatra Dra. Fabíola Oliveira e o psicólogo Deusdedi Alves, ex-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa. Durante mais de uma hora, os convidados abordaram o envelhecimento por diversos ângulos — físico, emocional e social — mostrando que envelhecer é, antes de tudo, um processo de amadurecimento e descoberta.
Envelhecer não é virar a chave, é um processo
A Dra. Fabíola explicou que o envelhecimento é um processo natural e inevitável, mas profundamente desigual. "Biologicamente, todos envelhecemos. Mas o modo como isso acontece depende da nossa história, do estilo de vida, da genética e, principalmente, do cuidado com o corpo e com as emoções." Ela lembrou que o Brasil caminha rapidamente para se tornar um país de maioria idosa, sem ter preparado a sociedade para isso. "Ainda faltam políticas, preparo e empatia. O envelhecimento precisa ser visto como uma fase de continuidade da vida, não como um fim."
A sociedade ainda teme o envelhecer
O psicólogo Deusdedi Alves destacou o peso cultural e emocional do envelhecimento. "Há um medo social de envelhecer. O etarismo é uma forma silenciosa de preconceito — achar que o idoso é inútil, que deve parar, que não pode mais trabalhar ou amar. Isso é um crime contra a dignidade humana." Ele ressaltou a importância da autonomia e da escuta familiar: "O idoso não precisa que façam tudo por ele, precisa que o deixem decidir, que o deixem viver com liberdade. Amor é isso: presença e respeito."
Envelhecer é amadurecer — e ser feliz de novo
A professora Eliete, aos 66 anos, falou com emoção sobre a alegria de pertencer ao grupo JADES, formado por mulheres entre 60 e 87 anos. "Envelhecer é colher tudo o que a vida plantou. É ser feliz, olhar para trás e ver que há uma história bonita. A gente dança, viaja, faz teatro. E onde chegamos, somos recebidas com carinho e admiração." Ela lembrou o papel essencial da convivência e da alegria: "O pior que pode acontecer com o idoso é o isolamento. Por isso, a gente incentiva o encontro, a dança, o riso. Envelhecer é viver — e viver com alma leve."
As famílias nem sempre sabem cuidar
No terceiro bloco, o debate girou em torno do abandono e da solidão vividos por muitos idosos. "O maior problema é o abandono dentro de casa", disse Eliete. "Há idosos com o cartão retido pelos filhos, sem banho, sem afeto. Falta cuidado e, sobretudo, amor." A Dra. Fabíola reforçou que o envelhecimento também desafia as famílias: "Muitos não sabem lidar com essa fase. Às vezes amam, mas machucam sem perceber. É preciso educar para o cuidado." Deusdedi foi direto: "As famílias não foram preparadas para cuidar dos seus idosos. Falta educação, estrutura e políticas públicas. Porto Velho, com mais de meio milhão de habitantes, não tem um centro-dia para idosos. Isso é urgente."
Reflexão final
No encerramento, Roberto Sobrinho destacou que envelhecer é o destino de todos e um privilégio de poucos: "Se há algo inevitável na vida, é envelhecer. Os privilegiados são os que chegam lá. Mas é injusto que, depois de uma vida dedicada à família, o idoso seja esquecido. Que esse episódio sirva para refletirmos sobre como tratamos quem construiu a nossa história." O episódio termina com a música "As Jades", da Banda do Vai Quem Quer, em homenagem às mulheres que mostram que envelhecer é continuar celebrando a vida com alegria e dignidade."
Serviço
Assista na Rede TV Rondônia e nas plataformas digitais do Põe na Bancada.
Apresentação: Roberto Sobrinho
Convidados: Eliete (JADES), Dra. Fabíola Oliveira (Geriatra) e Deusdedi Alves (Psicólogo)
Exibição: Quarta-feira, 6 de novembro, às 14h
Local: Estúdios da Rede TV Rondônia
Disponível também no YouTube, Spotify e Instagram: @PoeNaBancada
Põe na Bancada — Informação com respeito, emoção e compromisso com a vida.
Portal SGC