1.1- Fé de mais não cheira bem
Semana passada o presidente foi a Belém, carregou a imagem da mãe de Jesus, ouviu o côro "vai roubar a santa". Depois foi a Salvador e lá desceu o malho, bateu no Bozo e foi a um comício. Em dia de graça revelou seu profundo saber cristão ensinando: "os ricos mandaram crucificar Jesus e depois mandaram ressucitar" e tascou "ninguém foi mais esquerdista que Jesus Cristo. Ninguém". Um rolê em Sampa para ungir Boulos, mais catequese e a volta a Brasília para fazer as malas e partir para a Rússia paa mais falação com a "izquierda raiz", sem a presença de Jesus Cristo que não é esquerda ou direita. Mas o destino está escrito. Corto para igreja e lembro das escolas dominicais evangélicas ensinando com música para as crianças terem cuidado com o que falam. "cuidado boquinha com o que fala, o salvador está olhando pra você". Ou Dona Lindu não levou o menino à igreja ou "Uómi" não leu a Bíblia. Corto para a TV e urgente: o Vein do 3º andar caiu em casa, levou pontos na cabeça e não pode viajar por ordem médica. Não foi Maria ou Jesus que são laicos: "a Cesar o que é de Cesar, a Deus o que é de Deus", mas Zé de Nana vê diferente: "Isso deve ser coisa do tinhoso que é cheio de arte".
1.2- Desserviço na saúde
Prenderam uma lagartixa nessa história da contaminação de transplantados e sua defesa disse: "no curso do processo será provada a inocência da minha cliente". Sabe o que isso significa? Que o processo será demorado, que as investigações ficarão num limbo por muito tempo e que uma crise será fabricada para esconder esta. Algumas arraias miúdas deixarão a lama do fundo, mas sem o ferrão e terão que se contentar com o destino que lhes foi traçado. Como o consórcio Nordeste para a compra de respiradouros, surgirá um nome absolutamente irretocável e que não é a Dona Nísia, para acalmar a sede de parte da imprensa e "no curso do processo(...)". O laboratório ficará fora do governo por uns tempos, mas lá na frente, a exemplo do que ocorre quando a justiça faz justiça, voltará a atuar como aquelas empreiteiras e os irmãos vendedoras de carne do Brasil-sil-sil-sil! Vivaa!
1.3- Tungaram os servidores dos Correios
Existem nomes que não conseguem ficar distantes das páginas político-policiais. Caso do Sêo Renan, mais liso que muçum ensaboado, investigado desde 2017 - já são 7 anos - por lambanças no Fundo Postalis. Sêo Dino do STF deu 3 meses - o que são 3 meses em 7 anos? - para a PF concluir a tarefa e aqui faço a defesa do Sêo Renan: o Postalis é fundo de pensão dos Correios e ele nunca foi estafeta ou carteiro. "Situação tendencialmente excessiva" disse Sêo Dino. "Para evitar a configuração inequívoca desse indesejável abuso, as autoridades competentes devem concluir as diligências e emitir manifestações que considerarem cabíveis". Português escorreito!!! Do rolo pintou o nome do "corre" Milton Lyra que está no processo de propina paga pela Hypermarcas a Renan, Braga e Jucá. Devoto de São Tomé olho de banda o PGR: "As diligências pendentes de cumprimento e que respaldam a prorrogação das investigações são necessárias para possibilitar um juízo adicional e mais abrangente sobre os fatos investigados". Tendeu tudin?
1.4- Até os miseráveis pagam a conta
Gosto do tema. Reportagem do Poder 360 , acesse clicando o link, causa espanto e irritação pois a conta é do pagador de impostos, mesmo sendo o miserável que compra um pão por dia, dorme sem comer e mora na rua. O salário dos ministros do STF é o 2º mais desigual em relação à renda média per capita dentre os países da América do Sul. A casta recebe de bruto R$ 44.000, ou 2.281% a mais que a média do brasileiro com salário mínimo de R$ 1.848. O nosso Judiciário é o mais caro dentre 53 países, usamos 1,6% do PIB para mantê-lo contra 0,37% de média mundial e além de salário, há "penduricalhos". Mas há sempre quem os defenda como o Veín do 3º andar. Em fevereiro ele disse que os salários são "baixos" para a "qualidade da função" e aliás, coberto de razão. O STF foi relevante na Lavajato. O salto tríplice carpado deixou Sêo Lule na cara do gol, sem goleiro para tomar o poder. E Sêo Barroso ainda teve o desplante de dizer no Congresso da UNE: "nós derrotamos o bolsonarismo". "Nós", quem ou quantos, Sêo Barroso? O STF?
2.- Ponto final
Ele é jovem, mas tem jeito de político velho, como eram seu pai Eduardo Campos e seu bisavô Miguel Arraes. O DNA é de esquerda, mas o discurso e a prática são arejados. João Henrique Campos, foi reeleito prefeito de Recife com quase 80% dos votos e segue o pai morto num acidente na campanha para presidir o país. Ele tem chances reais de crescer de preferência se ficar longe dos luas pretas da esquerda. Seu estilo é diferente e descola de ideologias. "Muitas vezes o discurso ideológico da direita captura mais gente que o da esquerda. Por isso acho que o caminho não é entrar nas rotas ideológicas, mas na rota do concreto. A esquerda precisa ter pé no chão e o olhar lúcido para ter um diagnóstico correto para enfrentar disputas eleitorais nos grandes colégios e entender que as pessoas esperam que os prefeitos e políticos tenham capacidade de melhorar a vida delas, de fazer gestão com qualidade, com eficiência. A gente tem que ter muito cuidado com a discussão acirrada do ponto de vista ideológico, porque ela sai desse campo". Gostei. É hora de nomes novos como o João se colocarem para tirarem aqueles com cheiro de naftalina. Renovar é preciso e o novo sempre vem.
03- Penúltimo pingo
Semana decisiva para os candidatos a prefeito que foram ao segundo turno. Em Porto Velho os debates televisivos seguem dentro do esperado, diferente de São Paulo ou outras paragens mais belicosas, mas nas redes antissociais, do pescoço pra baixo é canela. Surgem arquivos inexistentes, mortos, acordos falas e favores para a festa mórbida de gente que descobre seus "instintos mais primitivos" como disse Roberto Jefferson a Zé Dirceu à época do Mensalão. A traição está em alta, mas é da natureza do escorpião picar o sapo que o ajuda a atravessar o rio.
Léo Ladeia