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Os voluntários na crista da onda

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Vamos começar falando de um passado e um futuro não muito distante, onde o voluntariado é visto como algo para aqueles que tem pouco ou nada para fazer e que tem recursos e tempo sobrando.

O voluntariado que não tem apoio governamental, com raras exceções, é vista como algo lateral e não central, até mesmo para grande parte das empresas que apoiam o voluntariado em suas bases.

Este mesmo voluntário, agora no presente, com a tragédia que abate o Rio Grande do Sul, ganha novamente o espaço que merece desde sempre, o papel central da história.

Agora o voluntário é a notícia do momento, heróis sem capa, a mobilização, a força, o quanto fazem sem apoio e sem recursos e muitas outras notas que não são surpresas para nós que trabalhamos pelo voluntariado e pelos voluntários.

Precisamos nos lembrar não só desta tragédia, mas de todas as outras, o voluntário é o primeiro a chegar e o último a sair, as forças governamentais se prendem a protocolos e códigos, que impedem a sua atuação ou por ele dificultam.

A atitude voluntária é o que move milhares de pessoas a se deslocarem e começarem a trabalhar, muitas vezes até mesmo de forma arriscada, o que não recomendo e nem estímulo, mas o fazem em muitas vezes por falta de coordenação, visto que no Brasil não existe uma coordenação de crises nos municípios.

Existem as defesas civis, mas infelizmente a grande maioria destes órgãos trabalham também no improviso (em se tratando de gestão de voluntários) e na coordenação de pequenos eventos.

Os municípios não têm uma coordenação de voluntários para grandes desastres e obvio que isto não acontece durante o desastre, tem que ser pensado e planejado.

Esta tragédia vai passar, o Rio Grande do Sul vai se recuperar, vai voltar a ser um dos mais belos estados da federação e vai voltar a ter um povo orgulhoso de seu estado e de suas tradições.

O apelo e as honrarias ao voluntário também vão passar e vamos voltar ao que antes éramos, um plano lateral, um apêndice, que será reativado na próxima grande crise e estarei eu aqui novamente, falando do passado, do presente e do futuro.

 Antes que me ataquem, sim tenho ideias para minimizar isso, sim trabalho todos os dias para isso, sim tenho interlocução com governos para isso, sim não estou somente parado atras do computador jogando no ventilador e sim tem mais gente fazendo isso, mas ainda somos poucos a malhar em ferro frio.


Roberto Ravagnani

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