Palavra mágica

É uma contradição perversa a Amazônia possuir riquezas imensas e seus povos continuarem sofrendo os efeitos da miséria. E não é só: vivem na região do mundo mais bem abastecida de água doce, mas não conseguem garantir água tratada nem gestão adequada dos esgotos. São contradições que desafiam os governos e desnudam imensas dívidas sociais a ser pagas no curto prazo.

Se a democracia não for resolutiva na atenção às demandas mais sentidas da população os pescadores de águas turvas voltarão a repetir os mantras nazifascistas que arruinaram a humanidade há quase um século, iludindo os incautos e agredindo o Estado democrático com dissimuladas pregações anarquistas.

A resolução das contradições está em uma única palavra: investimento. Há um ano, o Fundo Amazônia anunciava recursos no montante de R$ 150 milhões para permitir o acesso à água e a inclusão produtiva de famílias de baixa renda, provenientes do edital Sanear Amazônia - Água Potável para Comunidades da Amazônia, anunciado pelo BNDES e os ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.

Importantes, mas ainda pingos comparados ao volume necessário à superação dos problemas de saneamento, que diferentes avaliações estimam entre meio bilhão de reais e um bilhão, variando pelo ponto de partida de cada projeção.

Apagão dos políticos

O senador Marcos Rogério, presidente da poderosa comissão de infraestrutura do Senado anuncia audiências públicas nos principais polos regionais de Rondônia para discutir a concessão da Rodovia Marechal Rondon, a nossa BR 364 em Rondônia. Uma providência atrasada da nossa bancada federal. Esperaram passar o leilão para debater um assunto que todo mundo já sabia: a população rondoniense, o agronegócio, as entidades representativas, todas são contrárias aos moldes do leilão, que foi prejudicial aos interesses do estado. A faísca atrasada, aliás, não é só da bancada federal, foi um apagão geral da nossa classe política.

Bons tempos

Bons tempos que nossos parlamentares e a classe política eram mais atentos as bandeiras rondonienses. Muitos parlamentares deixaram saudades no Congresso Nacional, seja na Câmara dos deputados ou no próprio Senado. Amir Lando se destacou a nível nacional, se tornando ministro da Previdência, por exemplo. O senador Odacir Soares era atento a todas as causas rondonienses. Já contamos com deputados federais brilhantes na defesa de nossas bandeiras. Hoje o que se vê são parlamentares de todos os níveis -cochilando. Uma situação lamentável. Urramos com tanta decadência.

Contratos de lixo

Como os prefeitos rondonienses se atolam com contratos de lixo. Na verdade, a maioria deles, movidos pela ambição, transformaram a política num balcão de negócios. Muitos prefeitos foram gravados recebendo propinas dos empresários do setor, outros são investigados e até alcaides considerados de boa cepa estão sob suspeita. Adailton Fúria, prefeito de Cacoal, um dos melhores desta geração de mandatários eleitos já é alvo de denúncias. De Porto Velho a Vilhena, é importante a população ao ficar atenta para evitar surpresas desagradáveis, mesmo porque quem paga a conta das maracutaias é o povão.

Deu ruim!

Deu ruim neste início de ano. Cheia avança no Rio Madeira, quase um terço da população do estado endividada, enrolada no Serasa, Rondônia ponteando a violência doméstica com elevado índices de feminícidios, a bandidagem não tem mais medo da força nacional e voltou com tudo no roubo de fiação elétrica nas residências e logradouros públicos. Os drogados infestam as cracolândias de Porto Velho como nunca, os supermercados açoitam sem dó os consumidores com os preços da carne, café, ovos, (os da Páscoa também). As fezes e o esgoto ainda pululam nas ruas, a saúde (municipal, estadual e federal) em Rondônia é um caos e todo mundo constata que a segurança pública desandou. É coisa de louco!

Pau já está cantando

O senador Confúcio Moura cutucou recentemente os bolsonaristas e conservadores de Rondônia dizendo que se depender deles Rondônia vai se esvair com as florestas dos parques nacionais derrubadas e nas queimadas, os nossos rios acabarão contaminados com o mercúrio nos garimpos. Já está recebendo o troco. As lideranças consideram o ex-governador um legitimo inimigo do agronegócio. Acreditam que Confúcio será candidato ao governo estadual e já estão descendo o porrete em El Carecon. Macaco velho, como se vê, Confúcio já busca a polarização desde já para a campanha 2026.

Via Direta

*** Com os rios da Bolívia transbordando com os últimos aguaceiros e o Rio Madeira recebendo todo este volume de águas através do Rio Mamoré na fronteira, Porto Velho já está se assustando com a possibilidade de mais uma cheia histórica nestas bandas *** A capital rondoniense não está preparada para mais um desastre natural. O último, ocorrido em 2014 exauriu os recursos dos cofres públicos municipais na gestão do prefeito Mauro Nazif *** O grande problema é que Porto Velho não pode contar muito com promessas das esferas estaduais e federais, que geralmente não se cumprem *** Que o prefeito Leo Moraes se articule com a bancada federal e ALE para enfrentar a situação.

Carlos Sperança