A reunião realizada esta semana em Brasília entre parlamentares rondonienses e a direção do DNIT representou mais que um encontro protocolar. Simboliza a persistência amazônica em busca de uma integração regional há muito prometida e constantemente adiada. A BR-319, objeto central das discussões, transcende sua condição de simples rodovia para se estabelecer como eixo fundamental do desenvolvimento sustentável da Região Norte.
Os obstáculos apresentados, especialmente a necessidade de ampliação das consultas às comunidades indígenas, não podem ser vistos como impedimentos definitivos, mas como oportunidades de construção de um modelo mais inclusivo de desenvolvimento. A expansão do diálogo de cinco para 49 comunidades, embora desafiadora do ponto de vista operacional, oferece a chance de estabelecer um precedente positivo na relação entre grandes obras de infraestrutura e povos tradicionais.
O momento atual exige uma reflexão aprofundada sobre o papel da BR-319 no contexto amazônico. Não se trata apenas de ligar duas capitais por via terrestre, mas de criar um corredor de desenvolvimento que pode transformar a dinâmica econômica e social de toda a região. A rodovia representa a possibilidade de redução de custos logísticos, ampliação do comércio regional e maior integração entre os estados do Norte.
O compromisso manifestado pelo DNIT com a execução da obra merece reconhecimento, mas é fundamental que este se traduza em ações concretas e cronogramas viáveis. A experiência acumulada em décadas de tentativas de recuperação da rodovia deve servir como aprendizado para evitar erros do passado e construir soluções mais efetivas e duradouras.
A mobilização do Parlamento Amazônico demonstra maturidade política regional ao tratar a questão de forma suprapartidária. A presença de oito deputados estaduais de Rondônia na capital federal evidencia que a pauta transcende interesses locais ou partidários, configurando-se como demanda legítima de toda uma região.
As demais pautas discutidas no encontro - como o Expresso Porto e as melhorias em outras rodovias federais, complementam um quadro mais amplo de necessidades infraestruturais da região. São elementos que, somados, podem catalisar um novo ciclo de desenvolvimento regional, mais integrado e sustentável.
Diário da Amazônia