A eleição para a Câmara Municipal de Porto Velho, mais uma vez, trouxe à tona uma questão preocupante que merece nossa atenção e reflexão: a persistente sub-representação feminina na política local. Apesar do aumento no número de cadeiras, passando de 21 para 23, a representatividade feminina não apenas deixou de crescer, como também diminuiu proporcionalmente. Apenas duas mulheres foram eleitas, representando meros 8,7% do total de vereadores.
Este cenário nos leva a questionar: por que, em uma época de crescente conscientização sobre a importância da participação feminina na política, Porto Velho segue na contramão dessa tendência? Por que o alardeado empoderamento feminino e a força política das mulheres não se refletiram nas urnas da capital rondoniense?
É desconcertante observar que, mesmo com o aumento populacional de mais de 7% na última década, conforme dados do IBGE, a representatividade feminina na Câmara Municipal não acompanhou esse crescimento. Pelo contrário, regrediu em termos proporcionais. Este fato nos obriga a examinar criticamente as estruturas sociais e políticas que perpetuam essa disparidade.
Devemos nos perguntar: quais barreiras invisíveis ainda impedem as mulheres de alcançarem posições de liderança política em Porto Velho? Será que os partidos políticos estão realmente comprometidos em promover e apoiar candidaturas femininas? Ou estamos diante de um eleitorado que, inconscientemente ou não, ainda resiste em confiar o poder político às mulheres?
É fundamental reconhecer que a diversidade na representação política não é apenas uma questão de justiça social, mas também de eficácia governamental. Uma câmara municipal que reflete adequadamente a composição da sociedade está mais bem equipada para abordar as diversas necessidades e perspectivas dos cidadãos e da comunidade como um todo.
O caso de Sofia Andrade, do Partido Liberal, que garantiu sua cadeira pela média, demonstra que é possível para as mulheres conquistarem espaço político. No entanto, o fato de ela ser uma exceção, e não a regra, evidencia a necessidade urgente de mudanças estruturais em nosso sistema político e em nossa cultura eleitoral.
Como sociedade, precisamos nos engajar em um diálogo franco sobre as razões dessa sub-representação e trabalhar ativamente para removê-las. Isso inclui desde a promoção de políticas de incentivo à participação feminina na política até a desconstrução de estereótipos de gênero que ainda permeiam nossa sociedade.
A situação em Porto Velho é um chamado à ação. É hora de transformar o discurso de empoderamento feminino em realidade política concreta. Somente assim poderemos construir uma democracia verdadeiramente representativa, onde as vozes e perspectivas das mulheres tenham o mesmo peso e importância que as dos homens na tomada de decisões que afetam a comunidade.