Colunas |

Carta reúne forças políticas diversas em torno de agenda para Rondônia

Confira o editorial


O episódio recente em que lideranças políticas e sociais de Rondônia entregaram ao presidente Lula uma Carta Aberta com propostas para o estado revela um movimento pouco frequente no cenário político atual: a convergência de forças partidárias distintas em torno de objetivos comuns. Em um contexto marcado por divisões ideológicas acentuadas, ver partidos se unirem para apresentar uma pauta unificada é um sinal de maturidade política e de compreensão das necessidades regionais.

A carta entregue pelo "Movimento Caminhada Esperança" não se limita a declarações de intenção. Ela apresenta eixos claros — inclusão social, infraestrutura e preservação ambiental — que dialogam diretamente com os desafios e potencialidades de Rondônia. O estado, situado em uma região estratégica da Amazônia, enfrenta dilemas que exigem equilíbrio entre crescimento econômico e conservação ambiental. Essa equação, longe de ser simples, demanda planejamento de longo prazo e coordenação entre diferentes níveis de governo.

O mérito da iniciativa está na tentativa de construir uma ponte entre as demandas locais e a capacidade de articulação política em Brasília. Muitas vezes, estados periféricos no debate nacional têm dificuldade em inserir suas pautas nas agendas de decisão. Ao apresentar um documento coletivo, respaldado por múltiplas forças políticas, Rondônia aumenta suas chances de ser ouvida e de obter recursos para projetos estruturantes.

No entanto, a eficácia dessa proposta dependerá de fatores que vão além da boa intenção. É necessário que o diálogo estabelecido com o Governo Federal se traduza em ações concretas, com prazos definidos, metas claras e mecanismos de acompanhamento. Sem isso, há o risco de que o documento se torne apenas mais um registro simbólico, sem impacto real na vida da população.

Outro aspecto a ser ponderado é a manutenção dessa unidade política. A proximidade das eleições de 2026 representa tanto uma oportunidade quanto um desafio. A coesão em torno de um projeto comum pode ser comprometida por disputas eleitorais e interesses partidários específicos. Preservar o foco nas propostas e evitar que a agenda se fragmente será fundamental para que o movimento alcance resultados.

A sociedade rondoniense também tem papel central nesse processo. A participação cidadã na cobrança por resultados e na fiscalização da execução das políticas será determinante para que as propostas avancem. O desenvolvimento sustentável de Rondônia não pode ser apenas um compromisso de gabinete, mas um pacto social construído com transparência e responsabilidade.

Se bem conduzida, essa articulação pode representar um marco para o estado, abrindo caminho para um modelo de crescimento que respeite o meio ambiente e ofereça oportunidades para todos. A história política recente mostra que alianças amplas são possíveis, mas exigem resiliência, capacidade de diálogo e clareza de objetivos. Rondônia, diante dessa iniciativa, tem diante de si uma oportunidade rara de transformar discurso em prática.

Diário da Amazônia

PUBLICIDADE
Postagens mais lidas de
Últimas postagens de