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O compromisso com a primeira infância: Desafios e oportunidades para Rondônia

Confira o editorial


Em meio a um cenário nacional que demanda atenção crescente às políticas públicas voltadas para nossas crianças, Rondônia dá um passo significativo com a criação do Comitê Estadual Intersetorial Permanente de Políticas Públicas para a Primeira Infância. A iniciativa representa um avanço na construção de uma política de Estado que transcende gestões e estabelece diretrizes para os próximos dez anos.

O plano em elaboração merece reconhecimento pela abordagem intersetorial, reunindo 18 órgãos estaduais, demonstrando compreensão de que o desenvolvimento infantil exige esforços coordenados em múltiplas áreas. A contratação de consultoria especializada do Instituto da Infância (Ifan) evidencia seriedade no processo, trazendo expertise externa para um trabalho tecnicamente sólido.

Porém, é preciso cautela quanto aos desafios que se apresentam. A implementação de políticas para a primeira infância exige não apenas planejamento, mas execução consistente, monitoramento rigoroso e avaliação periódica. Historicamente, planos bem elaborados podem se perder na transição entre governos ou sofrer com restrições orçamentárias que comprometem sua efetividade.

A ciência é clara ao demonstrar que investimentos nos primeiros anos de vida têm retorno incomparável para o desenvolvimento humano e social. As evidências indicam que crianças adequadamente estimuladas apresentam melhor desempenho escolar, menor probabilidade de evasão e melhores perspectivas econômicas futuras. É notável que o Estado de Rondônia reconheça esta realidade ao priorizar ações para esta faixa etária.

Entretanto, a efetividade destas políticas dependerá da capacidade de articulação entre diferentes setores governamentais, da continuidade de programas bem-sucedidos e da participação da sociedade civil. O diagnóstico territorial previsto representa oportunidade para construir intervenções adaptadas às realidades locais, respeitando as diversidades regionais de Rondônia.

O compromisso com a primeira infância deve transcender o discurso e materializar-se em ações concretas, com definição clara de metas, indicadores e recursos. O plano decenal precisará estabelecer prioridades, considerando os desafios sociais e econômicos específicos do estado, além de garantir transparência e participação social em sua efetiva implementação.

Rondônia tem agora a oportunidade de estabelecer um marco em políticas públicas para a infância na Região Norte, desde que mantenha o foco na execução e na continuidade das ações, independente de mudanças políticas. O futuro de nossas crianças - e consequentemente da sociedade rondoniense - dependerá desta capacidade de transformar boas intenções em resultados concretos.

Diário da Amazônia

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