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Tragédia expõe desafios no setor da construção civil e alerta para riscos

Confira o editorial


A tragédia ocorrida em uma obra no bairro Nova Brasília, em Ji-Paraná, na última quarta-feira (14), reacende um debate fundamental e urgente sobre segurança no ambiente de trabalho, especialmente em setores de alto risco como a construção civil. A morte de um trabalhador, atingido por uma viga de concreto que despencou inesperadamente, não pode ser vista como um mero infortúnio: ela evidencia lacunas históricas e recorrentes na prevenção de acidentes e na fiscalização das condições de trabalho nas construções do Brasi.

A construção civil é um dos setores que mais empregam no país, mas também figura entre os que mais registram acidentes graves e fatais. Muitas vezes, o ritmo acelerado das obras, aliado à pressão por produtividade e à carência de investimentos em segurança, cria um cenário propício para tragédias. Neste caso, a perícia ainda investiga as causas do acidente, mas a simples ocorrência de um desabamento de viga aponta para possíveis falhas estruturais, seja em projeto, execução ou manutenção.

É importante ressaltar que, além da perda irreparável para a família, amigos e colegas, a sociedade como um todo perde quando trabalhadores morrem em situações que poderiam ser evitadas. O acidente obriga-nos a refletir sobre o papel dos órgãos fiscalizadores e das próprias empresas responsáveis pelas obras. A legislação brasileira prevê normas rigorosas de segurança no trabalho, como o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), treinamentos obrigatórios e inspeções regulares. Contudo, a aplicação dessas regras muitas vezes esbarra em omissões, descuidos e, não raro, em negligência.

Não se trata de buscar culpados precipitados, mas de examinar as causas profundas desses acidentes: falta de cultura de prevenção, insuficiência de fiscalização, descaso com a manutenção de equipamentos ou estruturas e, frequentemente, a subvalorização da vida do trabalhador. São questões que demandam respostas firmes, não apenas no âmbito investigativo, mas também em políticas públicas e no compromisso cotidiano de empresas e governos em proteger quem constrói o país.

Por outro lado, é preciso reconhecer os desafios enfrentados pelo setor, que lida com limitações financeiras, escassez de mão de obra qualificada e complexidade técnica das obras. No entanto, esses obstáculos não podem servir de justificativa para a flexibilização das normas de segurança. Investir em prevenção é, além de um dever moral, uma medida economicamente racional, pois evita prejuízos humanos e materiais incalculáveis.

É fundamental que a investigação sobre esse acidente seja transparente e rigorosa, buscando não apenas identificar responsabilidades, mas também apontar lições e promover mudanças efetivas. A morte de um trabalhador nunca pode ser banalizada ou esquecida. Que este episódio sirva de alerta e de ponto de partida para uma discussão mais ampla sobre segurança, valorização da vida e respeito ao trabalho, pilares de uma sociedade mais justa e civilizada.

Diário da Amazônia

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