Médica tem reação alérgica a ácido hialurônico após mais de um ano de preenchimento

A médica ginecologista Lilian Correa, de 59 anos, usou as redes sociais para compartilhar uma situação inusitada. Após uma infecção de garganta intensa, acordou com um lado do rosto bastante inchado. Pós-graduada em dermatologia estética, ela contou que observou os locais em que os nódulos surgiram e identificou que se tratava de um efeito tardio inflamatório ao preenchedor, também conhecido como "ETIP". Ou seja, uma reação a um preenchimento com ácido hialurônico. 

Em um vídeo publicado em junho deste ano, que já ultrapassa 1 milhão de visualizações, ela relata que utiliza preenchedores com ácido hialurônico há pelo menos oito anos e nunca havia enfrentado complicações. "Acordei hoje desse jeito. [...] O que acontece? O ETIP, que é esse edema tardio do ácido hialurônico, pode acontecer até anos depois", diz. 

"Eu estou aqui pra mostrar para vocês que os preenchedores com ácido hialurônico, apesar de nós termos utilizados largamente até hoje, nós temos que tomar bastante cuidado. Minha última aplicação foi há mais de um ano. E um ano depois, eu ainda acordo com um edema desse tamanho no meu rosto. Então, tomem bastante cuidado ao fazer procedimentos estéticos. Precisamos ter bastante certeza de que não há complicações", destacou a médica. 

O que é o ETIP?

Ao site, o médico dermatologista Rodrigo Goudart, da Clínica Nilo Estética Avançada, explicou que, diferente de outras complicações que podem surgir na aplicação como inchaços, hematomas ou alergias, a ETIP pode se manifestar semanas, meses ou até anos após a aplicação, com sintomas como inchaço, vermelhidão ou nódulos na área tratada.

"O ETIP costuma ser desencadeado por algum fator que ativa o sistema imunológico, como infecções, como amigdalite, gripe, infecção dentária; cirurgias ou até vacinas. Nesses momentos, o corpo pode reconhecer o ácido hialurônico já aplicado como "estranho" e desencadear inflamação no local", diz Goudart. 

O que fazer ao notar uma reação adversa? 

O dermatologista alerta que, ao perceber qualquer reação adversa, é fundamental procurar um profissional qualificado ou o médico responsável pelo procedimento. "Não é indicado tentar tratar em casa, já que o quadro pode se agravar. Avaliar precocemente ajuda a definir se o processo é inflamatório, infeccioso ou imunológico, orientando o tratamento adequado", pontuou. 

O tratamento varia conforme a gravidade do caso. Podem ser indicados:

• Anti-inflamatórios;
• Antibióticos;
• Corticoides;
• Hialuronidase: enzima capaz de dissolver o ácido hialurônico;

Em alguns casos, pode ser necessário combinar diferentes abordagens para controlar a inflamação e evitar sequelas.

Existe algum cuidado que a paciente deve ter para evitar esse tipo de reação? 

"Não há como prevenir totalmente, mas alguns cuidados reduzem o risco: fazer o procedimento apenas com profissional habilitado, usar produtos de procedência confiável e manter acompanhamento regular. Após a aplicação, informar o médico sempre que houver infecções ou procedimentos invasivos é essencial, pois podem ser gatilhos para a reação", explica. 

Apesar do relato da Dra. Lilian, o dermatologista reforça que o ETIP é uma reação rara e que o ácido hialurônico segue sendo considerado um dos preenchedores mais seguros disponíveis no mercado, desde que aplicado corretamente.

Terra