A Operação Safe Green, deflagrada na última terça-feira (28), evidencia, mais uma vez, a complexidade do enfrentamento à ocupação irregular na Estação Ecológica de Samuel, que abrange áreas dos municípios de Candeias do Jamari e Itapuã do Oeste. A ação, conduzida pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO), expôs um padrão recorrente: a apropriação indevida de terras públicas sob o disfarce de atividades associativas, com posterior devastação de florestas e exploração de madeira. O episódio reafirma o desafio de compatibilizar desenvolvimento, fiscalização e proteção ambiental.
O problema da ocupação em unidades de conservação não é recente. A fragilidade das estruturas de controle e a lentidão das respostas administrativas têm permitido que grupos organizados avancem sobre áreas de preservação, impulsionados pelo valor econômico das terras e pela demanda por madeira. Esse cenário cria um ciclo de degradação difícil de interromper, especialmente quando há conivência ou omissão institucional.
A operação marca um esforço de integração entre órgãos de investigação e de meio ambiente. O uso de medidas judiciais como a quebra de sigilos, o monitoramento eletrônico e a suspensão de atividades mostra que a repressão aos crimes ambientais exige coordenação e persistência. Ainda assim, o combate não se limita à punição: envolve a necessidade de políticas públicas eficazes de recuperação ambiental e regularização fundiária.
O episódio também chama atenção para o papel das associações e cooperativas, estruturas legítimas quando atuam de forma transparente, mas que, em alguns casos, são instrumentalizadas para legitimar ocupações ilegais. A identificação e o controle dessas práticas são essenciais para preservar a credibilidade das organizações civis e evitar que elas se tornem instrumentos de fraude.
A Estação Ecológica de Samuel é símbolo das tensões entre a preservação da floresta e as pressões por ocupação. A recomposição ambiental das áreas de preservação exige tempo, recursos e planejamento. A responsabilização dos envolvidos é apenas o primeiro passo. É necessário assegurar a permanência de ações contínuas de fiscalização e de políticas que inibam novas invasões.
A proteção da Amazônia não depende apenas da repressão a crimes ambientais. Exige a integração entre Estado, sociedade e economia, com base em critérios técnicos e jurídicos sólidos. Enquanto houver vantagem financeira na destruição da floresta, operações como a Safe Green continuarão a ser necessárias — não como exceção, mas como resposta constante à disputa pelo território.
Diário da Amazônia