Filhote de Peixe-boi
Moisés Henrique/Ipaam
O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) realizou, nesta quinta-feira (06), o transporte de um filhote de peixe-boi resgatado na Comunidade do Redondo, localizada em Urucará, a 261 quilômetros de Manaus. O animal foi encaminhado para receber cuidados no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). A Secretaria de Desenvolvimento Ambiental de Urucará foi responsável pelo resgate e, posteriormente, entrou em contato com o Ipaam para coordenar o acolhimento do filhote na instituição federal.
O filhote foi levado até a sede do órgão estadual e, em seguida, transferido para o Inpa, com o apoio da Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa). Enquanto estava na comunidade, o animal recebeu o carinhoso apelido de Redondinho.
Segundo Gustavo Picanço, diretor-presidente do Ipaam, os especialistas da Gerência de Fauna (GFAU) avaliaram que o filhote, que mede 1,10 metro e pesa 22 quilos, tem grandes chances de ser reintroduzido em seu habitat natural após passar por um tratamento adequado na Ampa. O animal é do sexo masculino e está em boas condições para o processo de reabilitação.
"A colaboração entre a Secretaria de Desenvolvimento Ambiental de Urucará, o Ipaam, o Inpa e a Ampa foi fundamental para garantir que o filhote recebesse os cuidados necessários. Nosso objetivo é proporcionar a ele as melhores condições para se recuperar e, se possível, devolvê-lo à natureza", afirmou Picanço.
Processo de reabilitação
O filhote passará por um rigoroso processo de reabilitação no Inpa, conforme explicou Renata Almeida, bióloga e educadora ambiental da Ampa. "Ele será monitorado constantemente em relação à sua saúde, alimentação e adaptação ao novo ambiente. Inicialmente, será alimentado com uma fórmula láctea desenvolvida no Laboratório de Mamíferos Aquáticos do Inpa, que foi especialmente ajustada para se assemelhar ao leite natural da mãe peixe-boi. Essa fórmula contém nutrientes essenciais para garantir que ele se mantenha saudável mesmo sem o cuidado materno", detalhou a bióloga.
Renata também explicou que, ao longo do tempo, a dieta do filhote será alterada, passando do leite para vegetais, conforme ele se adapta ao ambiente. Inicialmente, ele ficará em piscinas no Inpa, mas, à medida que crescer, será transferido para tanques de exposição, onde poderá ser visitado pelo público.
Uma etapa crucial antes da soltura definitiva é o período de semi-cativeiro, no qual o filhote será colocado em lagos de piscicultura, um ambiente mais próximo ao natural. "Essa fase pode durar de seis meses a um ano. Durante esse tempo, monitoramos se ele consegue se alimentar sozinho, se é capaz de buscar comida e se defender. Quando constatamos que ele está preparado, damos início ao processo de soltura para que ele retorne ao seu habitat", explicou Renata.
Orientações sobre resgate de animais
Viviane Pavanely, bióloga e técnica da GFAU, destacou que a gerência é responsável pelo resgate de animais silvestres em situação de risco, que geralmente são encaminhados ao Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) do Ibama. Quando possível, o Ipaam também realiza a soltura desses animais em seu ambiente natural.
"A GFAU atua principalmente no resgate de fauna silvestre em perigo. Animais domésticos, como cães e gatos, ou situações envolvendo colônias de abelhas ou pombos, não são de nossa competência. Para esses casos, é necessário contatar as autoridades responsáveis", esclareceu Viviane.
A bióloga também alertou sobre os riscos de manusear animais silvestres sem o devido cuidado. "O contato inadequado pode ser prejudicial tanto para o animal quanto para a pessoa. Se alguém encontrar um animal silvestre em situação de risco, deve entrar em contato com o Ipaam para que nossa equipe avalie a situação e tome as providências necessárias", reforçou.
Portal SGC