Foto: Reprodução/Info Amazônia
Quase metade das barragens de mineração na Amazônia apresenta risco de rompimento, segundo análise da InfoAmazonia com base em dados da Agência Nacional de Mineração (ANM). Das 371 estruturas cadastradas, 171 (46%) estão em estado de emergência ou classificadas com risco médio ou alto de causar danos humanos e ambientais. Em caso de acidente, a área afetada poderia ultrapassar 590 km² - mais que o dobro do território de Porto Alegre (RS).
Áreas em risco
Os rejeitos de mineração, como lama e resíduos tóxicos, poderiam atingir florestas, cidades e comunidades quilombolas em seis estados: Pará, Maranhão, Mato Grosso, Amapá, Rondônia e Amazonas. O Pará concentra o maior perigo, com 409,48 km² sob ameaça - equivalente a 40% da capital Belém. Municípios como Barcarena, Almeirim e Parauapebas (PA), além de Pedra Branca do Amapari (AP), estão na zona de impacto.
Falhas no monitoramento
Apesar dos cálculos de risco, especialistas alertam para a imprecisão dos dados. Francisco Kelvin da Silva, do Movimento dos Atingidos por Barragens, explica que as informações são fornecidas pelas próprias empresas, sem fiscalização independente. Além disso, barragens ilegais e garimpos não cadastrados aumentam a subnotificação. Um exemplo recente ocorreu em fevereiro de 2025, quando o rompimento de uma estrutura no Amapá contaminou os rios Cupixi e Araguari com rejeitos de ouro.
Impactos em comunidades
No Pará, comunidades quilombolas como Boa Vista e Alto Trombetas vivem sob ameaça de 11 barragens operadas pela Mineração Rio do Norte (MRN). Manuel Edilson Santos, líder da comunidade Boa Vista, relata que os moradores convivem há décadas com o medo de um desastre. A empresa afirma monitorar as estruturas 24 horas por dia, mas residentes denunciam rios contaminados e perda de território.
Empresas com histórico de problemas
Entre as empresas com barragens na região, Vale S.A., Mineração Taboca e Alcoa World Alumina têm processos judiciais ou denúncias por irregularidades. A Vale, responsável pelos rompimentos em Mariana (2015) e Brumadinho (2019), declarou que suas barragens no Pará passam por auditorias externas e monitoramento contínuo.
Segundo a ANM, apenas 17% das barragens amazônicas foram vistoriadas em 2024. O órgão avalia planos de segurança e condições físicas, mas a escassez de fiscalização preocupa especialistas. Enquanto isso, populações locais cobram ações efetivas para evitar tragédias.
Diário da Amazônia