Lula sobre Trump e tarifaço dos EUA: “Vamos fazer um bom acordo”
Augusto Tenório/Metrópoles
Kuala Lumpur — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta segunda-feira (27/10), que Brasil e os EUA devem fazer "bom acordo" nas negociações referentes ao tarifaço norte-americano e às sanções impostas a autoridades brasileiras.
O petista comentou sobre o encontro que teve com Donald Trump nesse domingo (26/10), na Malásia, onde está para a 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).
"Eu entreguei para ele (Trump) um documento das coisas que eu queria conversar com ele. Portanto, não foram apenas palavras. Ele tem um documento sabendo o que o Brasil quer, e eu acho que nós vamos fazer um bom acordo", disse Lula em conversa com jornalistas, na saída do hotel onde está hospedado, na capital da Malásia, Kuala Lumpur.
Segundo o titular do Palácio do Planalto, se a equipe brasileira designada para negociar com o governo norte-americano — composta pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Exteriores, Mauro Vieira; e pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin — enfrentar dificuldades no processo, ele vai conversar pessoalmente com Trump.
"O que nós estabelecemos é uma regra de negociação, e toda vez que tiver uma dificuldade, eu vou conversar pessoalmente com ele. Ele tem o meu telefone, eu tenho o telefone dele, nós vamos colocar as equipes para negociar. A minha equipe é de alto nível", declarou o presidente brasileiro.
Lula reiterou que sua equipe quer negociar, além da taxação de 50% aos produtos brasileiros exportados, as sanções aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a outras autoridades, como o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. A esposa e a filha do chefe da pasta da Saúde tiveram os vistos dos EUA revogados em agosto.
"Nós queremos negociar o fim das punições aos nossos ministros da Suprema Corte, nós queremos negociar o fim da punição contra o ministro Padilha e sua filha, nós queremos negociar a taxação. Porque a taxação, segundo a carta dele, foi equivocada, sabe, em uma mentira que ele tinha déficit no Brasil. Ele tem superávit e ele sabe disso, porque eu entreguei para ele uma carta", afirmou.
Próximos passos
Após a reunião entre Lula e Trump, que durou cerca de uma hora, as equipes dos dois países se preparam para avançar nas negociações já nesta segunda-feira (27/10). O governo brasileiro busca a suspensão do tarifaço comercial.
Mais cedo, Lula declarou que está otimista com as tratativas: "Eu estou convencido de que em poucos dias nós teremos uma solução definitiva sabe entre os Estados Unidos e Brasil. É assim que eu volto para o Brasil: satisfeito e certo que tudo vai dar certo para o povo brasileiro".
A primeira rodada de negociações acontece ainda na Malásia. A conversa deve ser liderada por Mauro Vieira, e pelo representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR), Jamieson Greer.
Em entrevista coletiva nesta segunda, o chanceler brasileiro disse que se reuniu com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, para alinhar acordo breve sobre as tarifas. O ministro pontuou que um cronograma de reuniões será estabelecido na próxima semana para tratar de negociações nos setores mais afetados.
O presidente dos EUA também comentou sobre o clima das tratativas entre os países. "Acho que vamos conseguir fazer alguns acordos muito bons que estamos discutindo, e eu acho que vamos acabar tendo um relacionamento muito bom", afirmou Trump.
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