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Clima e caos: como Rondônia enfrenta desafios ambientais e criminais

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Seca e água

Duas suposições baseadas em dados científicos superam o misticismo do beato Antônio Conselheiro, que em 1833, ao fundar o arraial de Canudos, declarou que "o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão". A primeira é agir para minimizar os efeitos do agravamento da seca na Amazônia e no Pantanal. A outra é que as cheias dos rios amazônicos serão menos intensas que em dramáticas ocasiões anteriores.

Enchentes assustadoras e destrutivas como as registradas no Sul recentemente e os prejuízos em todo o país por conta das estiagens mais severas dos últimos anos teriam que servir de lições para orientar atividades necessárias para mitigar e compensar os efeitos. Não basta cantar vitória sobre o negacionismo omisso das avestruzes, que ao sentir perigo enfiam as cabeças em buracos, deixando o corpo todo restante exposto ao mal que vier. 

É bom e confortador que o Serviço Geológico do Brasil, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e as Defesas Civis estaduais e locais disponham do Alerta de Cheias. Em igual sentido, os grandes incêndios que podem acontecer até setembro merecem ter o enfretamento estimado no pacto pela Prevenção e Controle de Incêndios, celebrado entre o governo federal e os estaduais. É preciso pôr em ação mecanismos preventivos. Deixar de cumprir obrigações na crença ilusória de que basta rezar para o mal anunciado não acontecer é irresponsabilidade.

Pode piorar

O que era ruim para Rondônia no que tange ao caos aéreo estabelecido desde o ano passado, pode piorar. Ocorre que a Azul, empresa que pratica vingança contra os passageiros de Porto Velho - são mais de 10 mil processos na justiça - está em vias de comprar a Gol concentrando quase 60 por cento do mercado da aviação no País. A tendência com este quase monopólio é um aumento de tarifas até em outras rotas praticadas pela empresa. Estamos fritos e mal pagos com uma situação que tem levado a passageiros da capital rondoniense a embarcar em aviões em Rio Branco (a 500 quilômetros) e até mesmo em Cuiabá (1.500 quilômetros) para aliviar o preço das viagens.

Totens a vontade

Por conta do crime organizado que tomou conta de Rondônia, Acre e Amazonas, as autoridades de segurança do nosso estado estão espalhando totens nas comunidades onde as ações criminosas e agora os piratas do madeira se instalaram, que são o Orgulho do Madeira, Morar Melhor, Porto Madero e Cristal da Calama, onde volta e meia nas redondezas são desovados corpos vítimas desta guerra sangrenta envolvendo o tráfico de drogas. A medida é um avanço, já que isto inibe pelo menos os "aviões", aqueles vigias do narcotráfico que controlam entradas e saídas dos grandes conjuntos habitacionais. Mas a criminalidade segue elevada.

Apetite reduzido

Com a saúde em caos, o governador de Rondônia Marcos Rocha, juntamente com a deputada federal Cristiane Lopes (ambos do União Brasil) planejavam e anunciaram um grande estádio para Porto Velho, seguindo o modelo de Hildon Chaves com Mariana Carvalho, bem sucedido, na construção da nova rodoviária de Porto Velho. Mas a coisa pegou mal, já que Rocha não conseguiu nem levantar o hospital Heuro na Zona Leste. Depois de umas boas lambadas da população Rocha e Cristiane deixaram de falar no assunto. Será que o estádio anunciado, ainda sai?

Cabos eleitorais

Me indagaram durante a semana quais são os melhores cabos eleitorais desta campanha em Porto Velho. Sem dúvidas considero o prefeito Hildon Chaves (PSDB) como o melhor de todos. Em segundo lugar vem o deputado federal Fernando Máximo (União Brasil), em terceiro o governador Marcos Rocha (por causa da máquina, sem ela não ajuda nadica de nada). Máximo é um verdadeiro fenômeno eleitoral em Porto Velho, não foi à toa que foi sabotado. Seria eleito prefeito com um pé nas costas e logo em seguida poderia até escalar o governo estadual. Nada conveniente para Hildão (candidato ao governo) e Rocha (candidato ao Senado em 2026.

Modelo antigo

Este sistema de inibir o nascimento de novas lideranças com uma paulada na cabeça, como aconteceu com Máximo, é recorrente em Rondônia. Uma pratica que foi muito usada desde Teixeirão, seguida com competência pelos governadores Valdir Raupp e Oswaldo Piana, pelo prefeito Chiquilito, pelo senador Odacir Soares entre outros expoentes da política. Lembram? Raquel não conseguiu nem legenda para ser candidata a prefeita no seu auge e acabou vice na derrota de Jacob Atalah. Jeronimo Santana, como uma sucuri, asfixiou Tomás Correia, Piana Jose Guedes, Raupp, Ilmar Kusller. Tantas lideranças emergentes assim que saíram da toca foram abatidas.

Via Direta

* Não bastasse as ações criminosas nas principais comunidades populares em Porto Velho, os piratas do madeira que chegaram com tudo, com arrastões na orla do Madeira roubando combustível e cargas inteiras de soja e milho, ainda temos a máfia dos coiotes lucrando com a transferência de imigrantes ilegais para os Estados Unidos * Todo mês, os coiotes (intermediários) no transporte de imigrantes rondonienses, conduzem os incautos para intenso sofrimento na passagem pelo deserto na fronteira pelo México * Já existem totens em tudo que é lugar na capital rondoniense , mesmo assim os jovens do tráfico seguem morrendo em embates e em execuções sangrentas.

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