Inferno geral
As pessoas que acreditam na existência de um paraíso para os bons e um inferno para os maus têm a possibilidade de escolher o destino que pretendem de acordo com seu comportamento. Se sonegar impostos, maltratar animais e soltar palavrões forem certezas de penas infernais é provável que no paraíso fiquem apenas as raríssimas pessoas à margem da economia, que ao mesmo tempo amem animais e sejam mudas desde o nascimento.
Se o inferno, entretanto, for um castigo coletivo reservado a toda a humanidade, menos a quem puder pagar instalações climatizadas fora do planeta, ele já existe: é o calor extremo. Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam que a média de dias de calor extremo por ano aumentou de sete dias nos anos 1990 para mais de 50 dias atualmente.
O meteorologista Carlos Nobre alerta que o Brasil teve nove episódios de ondas de calor extremo registrados até outubro deste ano, atingindo todo o território brasileiro, sobretudo o Norte do Amazonas. Obviamente esse calor infernal causou desconfortos nas populações atingidas. A Organização Mundial da Saúde registra anualmente a morte de mais de 175 mil pessoas por ano na Europa. Não temos estatísticas de quantas pessoas morreram no Brasil durante as nove ondas de 2024, mas descontadas as que se foram por velhice, crimes violentos ou acidentes é provável que muitas tiveram seus estados clínicos piorados pelo calor extremo.
Não abriu o bico
O ex-secretário da Sejucel Junior Lopes, aguentou firme alguns dias de cadeião, não abriu o bico (as chamadas delações premiadas) e foi solto para satisfação dos seus cumplices nos golpes aplicados em eventos daquela pasta, exponencialmente oriundos de recursos advindos de emendas parlamentares em festividades públicas, principalmente na Expovel. Aqui em Rondônia é assim, você dá seus golpes no final de ano, mas passa o Natal e ano novo em casa! E ameaçando abrir o bico tudo se resolve mais rapidamente pois existe um cipoal de rabos amarrados na classe política.
Balanços divulgados
Como fazem todo ano, o governador Marcos Rocha (União Brasil) e o prefeito de Porto Velho Hildon Chaves (PSDB) percorreram os meios de comunicação para balanços sobre suas administrações. Ambos com alguns méritos e evitando falar de temas mais cabulosos. Os dois com bons índices de aprovação popular e com grandes chances de se elegem em 2026, Rocha ao Senado, Hildon ao governo estadual. Rocha terá como seu candidato ao governo seu o vice Sergio Gonçalves, Hildão como escudeira ao Senado a ex-deputada federal Mariana Carvalho, possivelmente União Brasil.
Troca-troca
É previsível desde já vários troca-trocas partidários com vistas às eleições de 2026. Se Mariana quiser disputar o Senado, será obrigada a deixar o União Brasil, onde a preferência é de Marcos Rocha que controla a legenda e não vai querer ninguém para atrapalhar sua caminhada embora sejam duas vagas em disputa. Se o deputado federal Fernando Máximo (União Brasil) confirmar a disposição de disputar o governo estadual ou uma cadeira ao Senado se verá obrigado também, para não levar mais uma rasteira dos irmãos Gonçalves, de um outro partido e possivelmente ingressando no Podemos, do prefeito eleito Leo Moraes.
Racha bolsonarista
O baita racha bolsonarista em Rondônia anima o ex-governador e atual senador Confúcio Moura (MDB) disputar novamente o governo estadual em 2026.Pela vertente conservadora são vários possíveis candidatos: O vice-governador Sérgio Gonçalves (União Brasil), o ex-governador Ivo Cassol (PP), o atual senador Marcos Rogério (PL) e o prefeito da capital Hildon Chaves (PSDB). Embora acusado de ser "petista", "comunista" e um esquerdista dos infernos, Confúcio projeta uma imagem de centro e tem sido o grande distribuidor de recursos para os prefeitos em Rondônia nos últimos anos pelas esferas federais. Tem boas chances de galgar um segundo turno e ainda por cima receber apoio dos candidatos bolsonaristas derrotados e descontentes no primeiro turno.
Nomes em ascensão
Além do quadro sucessório descrito acima, apresentam-se mais dois nomes em ascensão para a disputa do CPA Rio Madeira. De um lado, o prefeito de Cacoal Adailton Fúria (PSD), de outro o deputado federal Lucio Mosquini que estaria deixando o MDB para ingressar numa legenda do centrão e também entrar nesta peleja. O PT, partido de Lula, sequer cogita lançar um candidato, pois o partido em Rondônia só tem levado lambadas nos últimos pleitos. Nem lembra mais os bons tempos dos deputados federais Eduardo Valverde e Anselmo de Jesus, da senadora Fátima Cleide e do prefeito Roberto Sobrinho.
Via Direta
*** Com a entrega de várias obras, desde a revitalizações de postos de saúde, a educação, pavimentação - sem contar com a nova rodoviária quase concluída - o prefeito de Porto Velho Hildon Chaves (PSDB) vai concluindo os derradeiros dias dos seus oito anos de gestão e se despedindo *** No interior, um prefeito também ambicionando o governo estadual, Ailton Fúria (PSD) em Cacoal vai começar em janeiro sua segunda administração *** O suplicio sofrido pelo caos aéreo pelos rondonienses segue nesta alta temporada Tarifas abusivas, atrasos etc *** Tivemos um Natal da carestia, com os consumidores penando nas mãos dos supermercados, tanto na aquisição de carne como de hortifrutigranjeiros. É coisa de louco.
Carlos Sperança