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Freio nas Apostas: Por que a Nova Regulamentação é Fundamental

Confira o editorial


Adecisão da Senacon de suspender a publicidade de apostas esportivas direcionada a menores e proibir anúncios de bônus prévios representa um marco crucial na regulamentação do setor de apostas online no Brasil. Esta medida, longe de ser apenas mais uma regulamentação burocrática, evidencia a necessidade urgente de estabelecer limites claros num mercado que cresce vertiginosamentes. O cenário atual das apostas esportivas online revela uma face preocupante do capitalismo digital: a capacidade de transformar o entretenimento em potencial fonte de prejuízos financeiros e sociais. A vulnerabilidade de crianças e adolescentes, naturalmente mais suscetíveis ao fascínio da publicidade e menos capacitados para compreender as complexidades e riscos envolvidos, torna a decisão não apenas oportuna, mas imprescindível.

Mais significativa ainda é a proibição dos anúncios de bônus prévios, prática predatória que funciona como isca para atrair apostadores, especialmente aqueles em situação financeira delicada. Esta estratégia de marketing, que promete ganhos fáceis e imediatos, representa uma forma particularmente perversa de exploração da vulnerabilidade econômica. A multa diária de R$ 50 mil estabelecida para infrações demonstra que o Estado está disposto a usar seu poder coercitivo para garantir o cumprimento das normas. No entanto, é válido questionar se esse valor é suficientemente dissuasivo para empresas que movimentam milhões diariamente.

O prazo de dez dias para adequação das empresas é razoável e demonstra equilíbrio entre a urgência da proteção ao consumidor e a necessidade de adaptação operacional das empresas. Contudo, é preciso acompanhar de perto a efetividade da fiscalização e o real comprometimento das plataformas com as novas diretrizes. Esta regulamentação representa um primeiro passo importante, mas não deve ser o último. É fundamental desenvolver um marco regulatório mais amplo que considere outros aspectos como limites de apostas, mecanismos de autoexclusão e programas de prevenção ao vício em jogos.

O mercado de apostas online veio para ficar, mas precisa operar dentro de parâmetros que privilegiem a responsabilidade social sobre o lucro desenfreado. A sociedade brasileira não pode se dar ao luxo de negligenciar os impactos sociais deste setor em expansão. A experiência internacional nos mostra que países que implementaram regulamentações rigorosas no setor de apostas online, como Reino Unido e Austrália, conseguiram reduzir significativamente os casos de ludopatia e endividamento familiar. O Brasil tem agora a oportunidade de aprender com esses exemplos e construir um ambiente mais seguro para os apostadores, sem sufocar um setor econômico que, se bem regulado, pode gerar empregos e receitas importantes para o país.

Diário da Amazônia

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