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O crescimento populacional de Rondônia entre o Censo de 2022 e a estimativa divulgada para 2025 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatídtica (IBGE) suscita reflexões sobre os rumos do estado e suas perspectivas. Em três anos, o território ganhou 135.571 habitantes, passando de 1,61 milhão para 1,75 milhão de moradores. O aumento percentual, de 8,38%, é expressivo quando comparado ao ritmo nacional, que tende a um arrefecimento em razão da queda da fecundidade e da desaceleração dos nascimentos.
A distribuição desse crescimento, porém, não é uniforme. Porto Velho, a capital, concentrou quase 56 mil novos habitantes, respondendo por parcela significativa do avanço estadual. Cidades de porte médio, como Vilhena, Ariquemes, Ji-Paraná e Cacoal, também registraram incremento considerável. Esse movimento reforça o papel dos centros urbanos como polos de atração populacional, em função da oferta de trabalho, educação, serviços de saúde e oportunidades ligadas a cadeias produtivas regionais.
Em contraste, parte dos municípios de menor porte apresentou estabilidade ou até redução no número de habitantes. Nova Brasilândia D’Oeste, por exemplo, perdeu população entre 2022 e 2025. Esse quadro aponta para desafios comuns a localidades menores, como a dificuldade de reter jovens, a limitação de postos de trabalho e a busca por alternativas de desenvolvimento que possam equilibrar a distribuição populacional.
As causas desse cenário são múltiplas. Há um componente natural, decorrente do saldo positivo entre nascimentos e óbitos, embora esse fator esteja em queda em várias regiões do país. Há também a migração interna, com deslocamentos em busca de melhores condições de vida e de renda, concentrando o crescimento em polos mais estruturados. Além disso, obras de infraestrutura e expansão de atividades econômicas têm potencial de atrair fluxos específicos de trabalhadores para determinadas áreas.
Esse movimento impõe responsabilidades. O aumento da população urbana exige planejamento adequado em transporte, saneamento, habitação, educação e saúde. A pressão sobre serviços públicos tende a crescer na medida em que mais pessoas se concentram em áreas já adensadas. Ao mesmo tempo, municípios que perdem moradores precisam lidar com esvaziamento relativo, queda de arrecadação e redução da representatividade política.
O desafio é construir políticas equilibradas que considerem tanto as demandas das cidades que crescem rapidamente quanto as necessidades das que enfrentam estagnação ou declínio. A leitura dos números do IBGE não deve ser vista apenas como estatística, mas como um retrato das transformações sociais e econômicas que moldam o futuro de Rondônia.
Diário da Amazônia