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Os números do Produto Interno Bruto de Rondônia referentes ao ano de 2022 revelam um quadro de transformações que merece ser analisado com atenção. O estado apresentou crescimento real de 2,77% em relação a 2021, alcançando R$ 66,7 bilhões em valores correntes. À primeira vista, os indicadores confirmam a trajetória de expansão da economia regional, mas o detalhe está na mudança da composição setorial.
A indústria foi o motor mais significativo desse desempenho, registrando aumento de 36,6% em valores nominais e ampliando sua participação de 13,6% para 17,7% do Valor Adicionado Bruto estadual. Dentro do segmento, a indústria de transformação obteve o avanço mais consistente, passando a responder por 6,1% da geração de riqueza. Esse resultado sinaliza a maior capacidade do estado em agregar valor à produção e diversificar sua base econômica.
Em contrapartida, os serviços e a agropecuária também apresentaram expansão, mas perderam participação relativa. Os serviços, que englobam comércio, administração pública, transportes e demais atividades, cresceram 14,9%, chegando a R$ 37,6 bilhões, mas recuaram em peso proporcional. A agropecuária avançou 8,1%, totalizando R$ 11,4 bilhões, porém também viu sua fatia na economia encolher. Esses números revelam que, embora todos os setores tenham crescido, a dinâmica industrial foi a que mais alterou o cenário.
Do ponto de vista territorial, a concentração da atividade econômica continua evidente. Municípios como Porto Velho, Ji-Paraná, Vilhena, Ariquemes e Cacoal se mantêm como os principais responsáveis pela geração do PIB estadual, reunindo as maiores parcelas da produção de bens e serviços. Em oposição, localidades menores seguem com participação reduzida, reforçando a desigualdade regional na distribuição da atividade produtiva.
Esse resultado não deve ser interpretado apenas como um indicador momentâneo. Ele aponta para tendências estruturais que podem redefinir o perfil econômico do estado nos próximos anos. O fortalecimento da indústria sugere um movimento de maior verticalização da produção, capaz de gerar empregos de diferentes qualificações e de ampliar a arrecadação. Já o recuo proporcional da agropecuária e dos serviços, mesmo em meio a crescimento nominal, coloca em evidência a necessidade de adaptação desses setores diante de um ambiente econômico em transformação.
O equilíbrio entre as atividades é fundamental para garantir sustentabilidade ao desenvolvimento estadual. A diversificação produtiva é um caminho positivo, mas é preciso assegurar que o avanço da indústria não ocorra em detrimento do fortalecimento dos serviços e da modernização da agropecuária. A economia de Rondônia, por suas características, tem potencial para manter crescimento sólido, desde que o dinamismo setorial seja acompanhado de políticas que reduzam disparidades e favoreçam um desenvolvimento equilibrado.
Diário da Amazônia