Como era Lucy, o fóssil descoberto há 50 anos que reescreveu a história da evolução humana
Durante um reconhecimento da área, o paleoantropólogo Donald Johanson descobriu um pequeno pedaço de osso do cotovelo.Ele percebeu imediatamente que se tratava de um ancestral humano. E encontrou vários outros restos mortais.
"Quando olhei para a minha esquerda, vi pequenos pedaços de um crânio, um pedaço de mandíbula e algumas vértebras", conta Johanson.Ficou claro que a descoberta do esqueleto representava um marco: os sedimentos na área tinham 3,2 milhões de anos."Percebi que fazia parte de um esqueleto com mais de três milhões de anos", explica o cientista.Era o hominídeo mais antigo que já havia sido encontrado.Mais tarde, também foi considerado o mais completo: 40% do esqueleto havia sido preservado.À noite, no acampamento, Johanson colocou uma fita cassete dos Beatles que havia levado com ele, e a música Lucy in the Sky with Diamonds começou a tocar.Devido ao tamanho, Johanson acreditava que o esqueleto era de uma mulher.
Um fóssil excepcional
"Por que você não a chama de Lucy?", alguém perguntou.A sugestão caiu como uma luva."De repente", lembra Johanson, "ela se tornou uma pessoa".Demorou cerca de quatro anos até que Lucy fosse oficialmente classificada.Ela pertencia a uma nova espécie chamada Australopithecus afarensis — e era claramente um dos fósseis mais importantes já descobertos.
Mas na manhã seguinte à descoberta, a discussão dos pesquisadores foi dominada por uma série de perguntas.Quantos anos Lucy tinha quando morreu? Ela teve filhos? Como ela era? Será que é nossa ancestral direta, o elo perdido na cadeia familiar humana?Quarenta anos depois, a ciência está começando a responder algumas destas questões.
Embora fosse uma nova espécie, Lucy não foi o primeiro Australopithecus encontrado. Foi a criança de Taung, um crânio fossilizado de um menino que viveu há cerca de 2,8 milhões de anos em Taung, no sul da África.
Ele foi encontrado em 1924 e analisado pelo anatomista Raymond Dart. O especialista percebeu que ele pertencia a outra espécie, que ele chamou de Australopithecus africanus.
"De cara, percebi que o que eu estava segurando em minhas mãos não era um cérebro antropoide comum (...). Era uma réplica de um cérebro três vezes maior do que o de um babuíno e consideravelmente maior do que o de um chimpanzé adulto", diz Johanson.
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